12 dezembro 2010

Eixo 9

“O ser humano, guiado pelo sentido da beleza, transpõe o acontecimento fortuito para fazer dele um tema que, em seguida, fará parte da partitura de sua vida. Voltará ao tema repetindo-o, modificando-o, desenvolvendo-o, transpondo-o, como faz um compositor com os temas de sua sonata.”

Milan Kundera



Beleza...
Análise feita a partir da minha experiência, vivenciada na Escola Estadual de Ensino Fundamental Canadá.

Acontecimento fortuito...
Possibilidade de fechamento da Escola por não haver um decreto específico que regulamente o ensino agrícola no ensino fundamental.

Tema...
Escola Canadá, com uma história de 50 anos valorizando o meio ambiente.

Parte da Partitura...
A Escola buscou uma alternativa, implantando o Turno Integral para os alunos das séries iniciais, oferecendo atividades ministradas por sete oficineiros, distribuídos entre as oficinas de Hora do Conto, Hora do Tema, Hip Hop, Artes, Vídeo, Atividades Esportivas e Educação Ambiental.

Sentido da beleza...
Parar e olhar os acontecimentos fortuitos!
Movimento de pensar e repensar possibilidades;
Movimento de avaliar;
Movimento de escrever a história;
Movimento de documentar a história;
Movimento de voltar ao tema repetindo-o, modificando-o, desenvolvendo-o, transpondo-o;

Continuar a sonata!

Este semestre foi dedicado para pensar o tempo vivido no PEAD – desde 2006, o tempo de estágio e transforma-los em Trabalho de Conclusão. Assim, pode-se perceber que todos os componentes do curso, professores, tutores e alunos, estavam bastante empolgados e apreensivos com tanta informação por aplicar. Para mim, foi um tempo muito importante, pois foi o tempo de aplicar as aprendizagens vivenciadas no PEAD para documentar a história da minha Escola na forma de estudo de caso desta, uma vez que passou a oferecer o Turno Integral aos alunos das séries iniciais. Foi, ainda, um crescimento notório em minha prática docente, pois penso que hoje minhas ações são mais pensadas e avaliadas por mim. O mais significativo que levo do curso é o pensar, o refletir sobre a intencionalidade das atividades propostas para os alunos, a possibilidade de se trabalhar em Projetos de Aprendizagens, e ainda, a possibilidade de se trabalhar com o uso da tecnologia na sala de aula.
Agradeço imensamente a oportunidade de viver este tempo com pessoas tão especiais que encontrei neste curso. Pessoas que acreditam na educação e no potencial das pessoas. Espero poder responder a mesma altura durante minha prática na Escola.

O término do 9º eixo não é um tempo que finaliza, que acaba, mas acredito ser um tempo de começar, de abrir possibilidades. A cada dia Deus nos dá a oportunidade de recomeçar... Acredito ser esse o exercício do magistério.

04 dezembro 2010

Eixo 8 (c)

Durante o período de estágio o que pude perceber é que todas as observações feitas pelos alunos parecem ser calcadas de sentido para eles, uma vez que facilmente argumentam sobre suas hipóteses e fazem trocas que demonstram o quanto é prazeroso trabalhar com algo que os agrada, como as plantas, a terra, o meio em que vivem, pois para muitos esta é uma rotina. A diferença é que estamos pensando sobre o que está acontecendo neste processo. Creio que este dia foi muito significativo, principalmente para mim, pois aprendi mais do que qualquer outro. Creio que seja fundamental para a aprendizagem o aproveitar e explorar as possibilidades que a escola proporciona, já que os alunos passam o turno integral nela.
Durante este período o que pude perceber é que os alunos adoram uma aula na rua, no pátio da Escola. Estes perguntavam diariamente se iríamos pra horta ou pro setor de vermecompostagem para realizar as atividades. Outro ponto que me chamou a atenção foi às experiências e descobertas que acontecem nas entrelinhas das atividades. Sempre que programávamos para a ida aos setores da Escola os alunos vinham com botas de borrachas para não se sujarem (muito). Então, todas às vezes faziam experiências com as botas no barro e em poças de água. Faziam certa competição para ver quem conseguia afundar mais seus pés sem molhar as calças e porque isso acontecia. Muitas eram as hipóteses: desde o colega ter o pé maior até o outro ser mais gordinho. Esta é a certeza de que aprender brincando é muito melhor, mais significativo.

Eixo 8 (b)

Uma das atividades de relevância neste tempo de estágio foi a experiência de construir o “Boneco Cabeça Verde”, com sementes de alfafa, serragem e meias calças a fim de observar o desenvolvimento das plantas e suas peculiaridades. Confesso que esta atividade já havia sido desenvolvida com eles no ano anterior, mas não havíamos pensado sobre ela. Foi uma experiência e tanto, mais para mim do que para eles, pois pude ouvir e dar importância ao que os alunos diziam. A reflexão feita na sexta semana de estágio mostra este envolvimento:
“Comentaram (ao alunos) o quanto chamara à atenção a “cabeça verde” do Emmanuel, no qual estava menor do que os demais. Quando isto aconteceu, lembrei do que o professor Paulo havia comentado sobre as percepções e as relações que os alunos faziam durante as experiências e prestei mais atenção e gastei mais tempo nesta tarefa: o escutar e o problematizar. Neste sentido, várias foram as hipóteses para que esta diferença de crescimento se desse. Alguns diziam que os “cabelos verdes” não cresceram, pois o Emmanuel havia sacudido muito seu boneco e as sementes foram parar no meio da serragem, não havendo luz para que se desenvolvesse. Outros pensaram que, ao sacudir o boneco as sementes foram parar embaixo da serragem, e quando colocamos a cola quente para colar os pezinhos, esta queimou as sementes, impedindo seu crescimento. Propus que pesquisassem durante o final de semana e procurassem respostas para este acontecimento. Segunda feira choveu hipóteses. Percebi o quanto de respostas os alunos têm e como perguntamos pouco. Geralmente damos as respostas antes mesmo que os alunos tenham tempo para formularem suas hipóteses e procurar estabelecer relações importantes para que a aprendizagem aconteça.” (http://camilaestagio.pbworks.com/Reflex%C3%A3o-Semanal)

Na semana em que recebi a visita do Professor Paulo e da Rossana pude dar ênfase ao objetivo do Projeto de Aprendizagem, no qual procurava dar sentido, significado as atividades. Para isso procurei buscar junto com os alunos o que as atividades teriam de significativo para eles a ponto de construir a aprendizagem, mudando hábitos e atitudes em a relação ao meio ambiente. Assim, eles puderam buscar essas relações, como no dia em que estávamos realizando as atividades na horta da Escola. Plantávamos espinafres quando uma aluna sentiu o cheirinho que a terra tem e lembrou-se de quando era menor e ajudava seu pai na horta de casa. Nesse momento outros alunos buscaram suas próprias relações com a terra e esta atividade passou a ser, além de prazerosa, muito significativa. Acredito que, assim como ela se lembrou disso quando cheirou a terra, outros mais tarde passaram a ter esta sensação quando sentirem este cheiro novamente e lembraram das experiências que realizamos na sala de aula.

E pensar não é somente “raciocinar” ou “calcular” ou “argumentar”, como nos tem sido ensinado algumas vezes, mas é sobretudo dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. (LARROSA, 2002)

Eixo 8 (a)

No oitavo semestre realizamos o tão esperado e temido estágio, onde este propôs reflexões de práticas que estávamos acostumadas a realizar. Para isso, foi necessário que repensássemos esta prática e colocássemos em evidência aquilo que construímos ao longo do curso. Esta não foi tarefa fácil, uma vez que alguns conceitos antigos, preconceituosos e desnecessários já estavam bastante arraigados nesta prática. Porém, foi bastante desafiador, pois podemos utilizar a nossa própria sala de aula para a realização deste.
O estágio iniciou quando pensava ter claro, para mim e para os alunos, as intenções do Projeto de Aprendizagem, no qual contemplava a conscientização da Educação Ambiental e para isso faríamos as práticas nos setores de Vermecompostagem e Plantas Medicinais que a Escola possui. Porém, me surpreendi quando, na segunda semana, os alunos mostraram interesse em outro setor, como mostra a reflexão postada no pbwork:
“Quando eu e os alunos pensamos em o quê trabalhar neste tempo de estágio pensamos que com a proximidade do inverno a escolha de trabalhar-se com os chás seria um tema bem relevante. Até porque os “chazinhos da Tia Braulina”, uma funcionária muito querida pelos alunos, curam de dor de cabeça até perna quebrada... santo remédio. Porém, na sexta feira alguns alunos alertaram a lebre: “Profe, quem sabe a gente muda de setor? Vamos trabalhar com a horta da Escola e aí a gente pode usar o abudo das minhocas lá! É bem mais tri!” Estes foram ovacionados pelos demais. Me deu um nó! Pensei que havia OUVIDO atentamente os alunos quando refletíamos sobre “o quê fazer”, mas acho que faltou ouvidos. Talvez tenha sido afoita e não tive a sensibilidade exata para captar a vontade das crianças. Nesse momento penso que ser flexível seja retomar a caminhada e dar ênfase a outros aspectos. De repente, este seja o motivo de eles estarem tão dispersos. Não estava interessante. Não fazia sentido. Não foi precisa microfone e caixas de som para entender. Sendo assim, muita informação e nenhuma experiência, segundo Larrosa.” http://camilaestagio.pbworks.com/Reflex%C3%A3o-Semanal)

Este momento foi bastante difícil para mim, pois acreditava estar atenta para o interesse dos alunos, mas não foi o que aconteceu. As práticas cheias de certezas e pouco pensadas, refletidas, sensíveis se defrontam com a falta de interesse dos alunos. Daí a falta de motivação no trabalho, gerando até mesmo a indisciplina na sala de aula. As propostas mecânicas que reproduzimos impensadamente não geram construção de conhecimentos, mas sim aulas chatas e desmotivadoras. Este momento foi muito significativo para mim, pois me deparei com minha rigidez nos planejamentos e ações. Neste momento, retomei o texto sugerido pelo Professor Paulo e fiz nova leitura das informações contidas nele. E isso fiz muitas e muitas vezes, pois a cada momento que relia o texto ele trazia novos conceitos para mim. A partir desse momento o projeto teve outro sabor, outro sentido, tanto para mim quanto para os alunos.

Eixo 7 (b)

As interdisciplinas do Eixo VII oportunizaram um repensar maior em relação as atitudes de exclusão que ainda existem em nossas escola e que muitas vezes praticadas por nós mesmos. Todos necessitam ter espaço na escola, e este precisa ser respeitado. A pessoa surda, ou adulta que procura a escola regular não deve ser afastada do convívio social. Ela precisa relacionar-se com outras pessoas, aprendendo a se comunicar além de sua família. Respeitar a cultura surda é oportunizar a participação do aluno surdo em sua comunidade, promovendo-o como sujeito. Cabe a nós, professores, promover práticas pedagógicas contra a exclusão e o preconceito, valorizando todos os alunos, sem distinção.
Uma atividade bastante reflexiva no semestre foi selecionar um blog para analisar, onde verifiquei que muitos alunos do PEAD utilizam esta ferramenta como desabafo, como lugar de reflexão e ainda como fonte para outros usuários pesquisarem. Analisando meu próprio blog , percebi que o semestre foi marcado por muitas emoções e sentimentos vivenciados por mim e que refletiram em minha vida como um todo. Não sei dissociar as coisas a ponto de não serem assim. Iniciei o semestre com a intenção de fazer melhor do que os semestres anteriores, me dedicando mais e participando mais efetivamente do grupo do PEAD, porém tive problemas de saúde e fiquei afastada da escola em que trabalho e do curso por um tempo. Mesmo assim procurei realizar as atividades propostas dentro dos prazos determinados. Algumas vezes não consegui cumprir. Neste sentido, não houve uma regularidade nas postagens do meu blog, mas sempre que o fiz procurei refletir e buscar formas de mostrar o quanto este curso me faz uma melhor profissional.

http://camilathz.blogspot.com/2009/09/estou-aberta-para-o-novo.html

Posso afirmar que tudo o que vivenciei neste semestre não foi pouco. Sinto-me mais habilitada quanto professora, me fazendo sempre repensar em que práticas educativas, me tornando diariamente uma profissional melhor, pensando em como gostaria que as professoras os meus filhos agissem.